Final Indesejado


Num belo dia de sol, Daniel passeava de bicicleta pelo parque da cidade. Várias pessoas caminhavam, outras corriam, outras sentadas em bancos de madeira a conversar, e algumas crianças a andar de baloiço. Daniel, ouvia música pelo seu leitor, até que, sem querer, foi contra uma rapariga, que aparentava ter a mesma idade que ele.
- Está tudo bem? Eu sei que esta pergunta é estúpida, mas pronto. Aleijei-te?
Quando ela levantou a cabeça, ambos olhos dos dois reluziram intensamente, e rapidamente ela limpou as lágrimas que deslizaram sobre aquela sua face lisa, após o seu choque com a bicicleta. Longa pausa entre ambos…
- Sim, está tudo bem. Não te preocupes. A culpa foi minha, eu é que ia distraída a ler, e nem reparei que vinhas nesta direcção.
- Desculpa, a sério. Eu ia a mudar a faixa da música, e não me apercebi.
- Sem problemas, não te preocupes. Adeus. – Acelerou o passe e foi-se embora.
Daniel, ficou a pensar na rapariga linda que os seus olhos puderam avistar… Ela para ele, era realmente perfeita. Foi-se deitar, e a pensar nela. Acordou, a pensar nela. Passou o dia, a pensar dela. Deitou-se a pensar nela. Acordou, a pensar nela.
A rapariga, de cabelo ondulado castanho, e olhos verdes, com a sua face clara e lisa, descobriu que desde o seu nascimento, possuía uma doença incurável, que poderia partir para o lado de Deus, a qualquer momento.
Certo dia, Daniel, após de vários dias com a rapariga na sua cabeça, depara-se com ela, numa loja de telemóveis. Entrou, e foi ter com ela.
- Continuas bem, Filipa? – Tinha lido o nome dela na identificação que estava prendida na sua camisola de seda.
- Sim, está. Obrigado pela preocupação. – Disse ela, meia envergonhada, e inesperada com tal visita.
- Olha, eu trago aqui o meu telemóvel, porque ele não está a funcionar muito bem… Ele desliga-se e liga-se, sem eu mexer, é impressionante. Será que me podes ajudar?
- Claro, claro. Vou ver, e já te digo algo.
Dirigiu-se para dentro de um pequeno armazém na loja, e descobriu que o verdadeiro problema era da bateria, que tinha uma folga. Pegou num papel, e escreveu: “Desde que te vi, nunca mais parei de pensar em ti. Se puderes, anda ter comigo às 17h30 no café mais perto daqui… Estarei lá à tua espera.”, e usou o mesmo papel para trilhar a bateria, para essa não folgar.
Todos os dias, Filipa encontrava-se à hora que referiu no papel que se encontrava dentro do telemóvel, com a esperança que Daniel aparecesse. Passado alguns dias, Daniel deixou cair o telemóvel, e desmontou-se… Talvez tenha sido um mal que tenha vindo por bem? Reparou que havia um pequeno papel, e leu-o. Foi a correr para o local que estava marcado, e Filipa não lá estava. Pensou que Filipa se tinha cansado de tanta espera que ele o fez. Continuou a lá ir, durante 5 dias, com o intuito que ela lá estivesse, e nada…
Foi até à loja onde ela trabalhava, e perguntou, a uma rapariga que se encontrava por de trás do balcão:
- Olhe, desculpe… A Filipa quando é que está aqui? É que eu precisava de falar com ela.
A rapariga acanhou-se, e disse-lhe que Filipa teria morrido no dia anterior, devido a uma doença que tinha desde nascença, que essa mesma era incurável. 

“Não deixes para amanhã, aquilo que podes fazer hoje.”

This entry was posted on sábado, 1 de outubro de 2011. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.

5 Responses to “Final Indesejado”

Flávia Rita A. M. Silva disse...

lindo, fantástico, fabuloso, amei!

Anónimo disse...

Esta tao triste :(

Mas é verdade..
As vezes arrependo-me de nao fazer hoje.. e deixar para a amanha.

Marcela disse...

Que história triste :c

inêsmorais' disse...

Grande história ! *

inêsmorais' disse...

2º blog : http://fotografiamaisfotografia.blogspot.com/ , ajudas ? :)