Actos Involuntários

Sofia, era a melhor amiga de João. João tinha vinte e um anos, e Sofia, tinha apenas mais um do que ele. Era uma amizade virtual de ano, mas era uma amizade forte, que ultrapassava tudo e todos. João, perdeu a sua mãe num acidente de viação, e mais tarde, o seu pai faleceu devido a um enfarte. Estava farto da vida que tinha, de perder as pessoas que mais amava… Passou a viver com a sua madrinha, que tentou ser o mais maternal possível. Um dia, ele, farto de perder as pessoas que mais amava, colocou na sua mochila três pares de calças, três camisolas e roupa interior, e saiu de casa. Correu até à estação, para apanhar o comboio. Não tinha para onde ir, tinha apenas uns trocos, que só dava para uma ida sem volta, caso quisesse voltar. O comboio chegou, ele entrou, e sentou-se no banco do fundo da carruagem. Colocou os seus fones, e começou a refugiar-se na música.
- Boa Tarde. Para onde é o que o jovem vai? – Disse o cobrador.
- Para o fim do mundo… Quanto é? – Respondeu ele, triste.
- Desculpa? Está tudo bem?
- Sim, deve estar. Vou para Esmeriz, diga-me quanto é, para ver se tenho o dinheiro suficiente. – Abrindo a carteira, e contando os trocos.
- Jovem, não desanimes. Por qualquer coisa que tenha acontecido, tens a minha força. Não é nada… Boa Viagem.
- Obrigado. – Respondeu ele, de forma agradecida, colocando um falso sorriso nos lábios.
O comboio chegou à estação de Esmeriz, pertencente a Famalicão. O João saiu, e sentou-se nos bancos da paragem. Olhou para o telemóvel, marcava 11h43. Esmeriz, era a cidade onde a sua melhor amiga vivia, juntamente com os seus pais, talvez o pudessem abrigar, pensou ele.
Sofia, tinha-lhe falado por alto, onde vivia. Que era perto de um Super Mercado, que havia uma grande subida a pique perto de sua casa, e que vivia na porta 57, no 1º andar esquerdo. Ele, correu ruas e avenidas, passou por entre matos e ruelas, para encontrar um bom porto de abrigo… Chegou o fim do dia, ele sem comer, a chuva a cair, e ele sem encontrar a casa de Sofia. Embrulhou umas calças com umas camisolas, e fez aquilo como seu colchão, e dormiu, inconsoladamente, mas dormiu.
O nascer do sol, brilhou nos olhos de João, o que o fez acordar bem de manhã. Foi em busca da sua melhor amiga, que por algures ali vivia, até que…
- Sofia? – Perguntou ele, envergonhado.
- João, és tu? Estás aqui? Passou-se alguma coisa? – Perguntou ela, preocupada.
- Saí de casa… Estou farto da minha vida, e tu, és a única pessoa que me pode ajudar… Pensei em ti, para me dares um abrigo.
- Claro, claro! Anda, é por aqui a minha casa.
Conduziu-o a sua casa, e falou com os seus pais, para o deixarem lá ficar por poucos dias, que o aceitaram.
Passaram alguns dias, cada vez estavam mais próximos, pareciam mesmo namorados. Uma tarde, em que Sofia lhe mostrava os seus perfis no computador, e alguns textos da sua autoria que revelavam um sentimento por um rapaz, rolou um beijo. Aquele beijo, expressou tudo entre eles… Foi único. O tempo foi passando, e decidiram assumir uma relação, tentar fazerem-se feliz um ao outro.
Um dia, João chegou a casa um pouco bêbado, e já dormia na mesma cama que Sofia. Entrou em casa com uma garrafa de cerveja na mão, e já com os seus passos todos trocados. Ao deitar-se, a cheirar a vinho, num último golo como ceia, deixou cair a garrafa, que acabou por partir, e ficar em cacos. Sofia acordou sobressaltada, e questionou-lhe o porquê de ele estar assim, e com aquele desagradável cheiro. Ele, não estando nele, pegou num caco da garrafa, e virou-se a Sofia, que acabou por fazer um corte na barriga dela. Ela, tinha de ir para o hospital, num estado de urgência, e ele, após o acto que a feriu, disse: “Morre.”.
Ele, não estava nele, não tinha atenção no que dizia… Sofia ficou sentida com aquela palavra que a abalou, e começou a chorar. A mãe dela, acabou por acordar, depois do grito dela, que significou uma verdadeira dor. Sofia, ficou internada nessa noite. Parecia dar bons resultados, logo, estar fora de perigo. João, acordou na manhã seguinte, e não tinha noção do que tinha feito, e foi falar com o pai dela, que estava na sala, com o telemóvel ao seu lado, pronto para receber notícias da sua filha. João, após saber o que tinha feito, dirigiu-se para o hospital para visitar a sua namorada, até que a mãe dela recusou a entrada dele no quarto. Passaram dias, e João decidiu dormir na rua, pois assim não sofria ainda mais ao ver a Sofia e a sua família. Ele decidiu tratar-se, para isso, dirigiu-se a uma clínica de Alcoólicos Anónimos, para falar do seu problema. Já numa sessão, eis a vez de ele contar a sua história.
- Eu… Eu sou o João. Decidi fugir de casa, porque a minha mãe faleceu num acidente de viação, e o meu pai, infelizmente, faleceu também, mas com um enfarte. Decidi procurar ajuda, de alguém que realmente me amasse…
Enquanto João se apresentava na sessão, e contava a sua história, Sofia, procurava-o… Ela queria saber dele, como ele estava, onde estava. Pensou, e como ela o conhecia tão bem, lembrou-se que ele talvez tivesse ido a uma clínica de AA, com o objectivo de se tratar.
Sofia, percorreu todas as salas de sessões de AA, até que…
- Eu sei que sou um burro por a ter feito sofrer, por ela andar tão mal… Fui pu-la num hospital… Teve probabilidades de estar às portas da morte por minha causa, por eu ter bebido, o que não devia ter feito. Eu amo-a tanto, seria incapaz de fazer isto, mas…
Sofia já estava à porta, a ouvir o que João dizia.
- João, esquece isso. Eu também te amo, acredita!
Ele olhou para trás, ouviu a voz e foi abraça-la.
- Cuidado… - Disse ela, quando ele lhe tocou na barriga.
- Tens razão, desculpa.
Mais um abraço, e… um beijo.
Saíram dali… Foram correr na praia, rebolaram na areia, atiraram água um ao outro, e passaram lá a noite…

FIM

Por vezes, por certos erros que cometemos, mesmo que sejam involuntários, pudemos nos sair mal no fim. O João, por acaso, teve sorte porque a Sofia amava-o de verdade, e conseguiu percebê-lo. Agora tu, nunca se sabe… Age com cuidado.

This entry was posted on terça-feira, 12 de julho de 2011. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.

7 Responses to “Actos Involuntários”

Andreia disse...

Gostei muito, tens sensibilidade naquilo que escreves e de certa forma, há momentos que sentimos que aquilo é mesmo verdade, que estamos a presenciar a situação.
Muito bom, muito bom mesmo! Continua, e vais ver que a cada texto que vais escrevendo, vais aperfeiçoando coisas que achas que agora estão boas.. à medida do tempo vais vendo "ah! Talvez aqui posso mudar isto, ou até mesmo ali" e quando fores ver todos os textos desde o principio, sem te dares conta, tiveste grandes progressos, e verás como foi incrivel a mudança.
Mas digo-te desde ja, gostei muito.
Amo-te <3

sof disse...

lindo, lindo, lindo mesmo, vieram-me as lágrimas aos olhos, por vários motivos.
parabéns ó coiso :) amo-te <3

Anónimo disse...

está lindo, lindo .. *o*
amei +.+

Anónimo disse...

Dou especial atenção à moral que colocas nas tuas histórias e na forma como as escreves. E mais uma vez tenho que te dar os parabéns. Eu tal como n de pessoas, gostei muito.
Existem tantas soluções para os nossos problemas, basta que tenhamos os nossos amigos connosco. Há quem acredite que por trás de uma grande amizade, está um grande amor, por isso tudo é possível, só temos que nos tentar agarrar àquilo que nos dá força de vontade para viver mais um dia e outro e mais outro sem desistir. E como diz uma grande amiga minha "A vida é bela, só tens de chamar por ela." e tem toda a razão.

Adoro-te, meu fofinho! <3
(o prometido é devido, meu bem.)

Vera Garanito

cristiana disse...

adorei mesmo.. se foste mesmo tu que escreveste dou-te os parabens !
esta muito lindoo ^^

cristiana disse...

adorei mesmo.. se foste mesmo tu que escreveste dou-te os parabens !
esta muito lindoo ^^

cristiana disse...

adorei mesmo.. se foste mesmo tu que escreveste dou-te os parabens !
esta muito lindoo ^^